quarta-feira, 6 de abril de 2011

Paciência... paciência!

Quanto tempo. É praticamente um evento escrever aqui. Motivo de comemoração com um belo e romântico vinho, a dois, a sós. A pior (ou melhor) parte é que eu não posso nem dizer que estou sem tempo. Claro que não posso falar também que está sobrando hora no meu dia. Essas 24 horas que são a mim disponibilizadas não chegam nem aos pés do que eu penso ser ideal para fazer todas as minhas tarefas diárias. Sempre tenho a sensação, ao colocar a cabeça no travesseiro, que o dia não rendeu. Que eu fiz tanta coisa, mas tem muito ainda por fazer. A parte boa disso é que eu tenho motivos pra acordar no dia seguinte.

Vale esclarecer que esta sobra (ou falta) de tempo é devido ao meu desemprego. Isso mesmo. Depois de longas quatro estações, eu tomei coragem de sair da Cia. E quando digo coragem, não faço uso de qualquer exagero. A situação estava bem complicada. Apesar de eu ter me apaixonado por lá e por até pensar que poderia haver alguma chance de ser efetiva, eu fui colocada em uma posição que só exigiam de mim  conhecimentos administrativos, tudo o que uma estagiária quintanista de Direito quer para si. Hipocrisia à parte, eu tenho sede de aprendizado. Quero me sentir útil, importante. Quero fazer a diferença. Só posso concluir uma coisa: estava faltando.

A questão é que agora eu sou literalmente a filhinha do papai (rs). Bobagem! Estou vivendo ainda com o meu último salário, somado à participação nos lucros de 2010. Por enquanto ainda não foi preciso recorrer à carteira do meu véio, mas sei que ele estará lá se eu precisar. E há de ser dito que eu pretendo não precisar. Espero que até o fim deste mês eu consiga um estágio, um emprego, alguma coisa. Se eu ficar mais algum tempo em casa, acho que surto.

Não que eu não goste de ficar vagando por aí, sem fazer nada. O problema é que eu não estou vagando. Muito pelo contrário. Essa semana, por exemplo, tirei para “adiantar” as visitas orientadas que são indispensáveis para que eu me forme. Se não me engano, são 12 visitas. Fiz 6 e já estou exausta. É claro que esses relatórios vieram de maneira sofrida (rs). Muito suor, muita caminhada, muito dinheiro gasto, muita comida e principalmente muita paciência.

Vou explicar um episódio em que a minha “imensa” paciência se esgotou. Estava eu, e mais duas amigas, na tarefa árdua de assistir uma Audiência Trabalhista de Instrução e Julgamento. Pois bem. Assistimos uma... acabou em acordo. Assistimos outra, a testemunha não compareceu. Ou seja, não ocorreu instrução, tampouco julgamento. Tudo bem, tudo bem. Respiramos fundo. Tentamos achar outra, não havia mais audiência designada. Tudo bem, tudo bem! Como já estávamos lá, decidimos por fazer o relatório de um processo trabalhista, outra exigência da faculdade. O relógio marcava exatamente 17:00. Encostamos nossos lindos umbigos no balcão do cartório e com um (grande) sorriso no rosto, eu dirigi a palavra ao cartorário: “Oi, boa tarde, nós precisamos fazer o relatório para a faculdade. Seria possível você disponibilizar 3 processos com sentença?” Pasmem, mas ele respondeu da seguinte maneira: “Não vou poder entregar, pois fechamos as 18:00.” Ãh? Espera um pouco. Desculpa, o que você disse? Sim, ele não se contentou em dizer uma úncia vez essa atrocidade, e a repetiu. Fiquei indignada. Imagine você,  administrador, professor, doméstico, autônomo, engenheiro, advogado, médico, ESTAGIÁRIO, seja lá qual for a sua profissão, em seu local de trabalho. Agora imagine que um cliente liga para você uma hora antes de encerrar o expediente e a sua atitude é simplesmente dizer a ele que não irá atendê-lo, pois dentro de uma hora você tem que ir embora. Pasmou-se? Pois eu sim.

Mas somos brasileiras e não desistimos nunca. Voltamos ao fórum hoje e ainda deu tempo de passar no Criminal. E a jornada de visitas só começou. Está aí um lado positivo de estar desempregada.

E as coisas estão indo. Tenho que começar a fazer minha monografia. Vale dizer que eu já tinha que estar com o meu primeiro capítulo pronto. Mas, quem se importa (rs).

A Bari postou em seu blog (marianagondo.blogspot.com) que ela está "com desejo doido de vida, shows, adrenalina, viagem, lugares, pessoas". Confesso que eu tive inveja dela (inveja branca, certo?). Essas coisas estão passando longe do meu pensamento. Só penso em Direito, em faculdade de Direito, em relatório de Direito, em visitas de Direito, em palestras de Direito, em monografia do curso de Direito, em cursinho de Direito para passar na primeira fase da OAB. Todo o resto está em stand by. A única coisa que eu consigo pensar é que no fim do ano eu serei libertada dessa vida de louco.


E a vida é isso. Claro que eu tenho arranjado aquele tempinho para a minha cerveja bem gelada, pois, como citou o professor de Direito Internacional, João Amorim, durante sua excelente aula na última quinta-feira, "onde não há bohemia, não há inteligência". 

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